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A criança e suas interpretações de gênero: uma análise através dos desenhos infantis


 

RESULTADO DE INVESTIGACIÓN: Tesis de maestría: “Entre niños y niñas: marcas de género y recortes de clase en los juegos y el entretenimiento infantil en la periferia de Viçosa – MG”. -Programa de Pos Graduación en Economía Doméstica, Universidad Federal de Viçosa UFV, Viçosa, Brasil - Tatiane de Oliveira Pinto (2009) / Universidad Federal de Río de Janeiro UFRJ, Rio de Janeiro, Brasil - Programa de postgraduación en Economía Doméstica / oliveira.tatianede@gmail.com

 

Introdução*


A principal questão abordada neste texto refere-se aos papéis de gênero construídos durante a infância. Pretende-se colocar em debate as interpretações acerca desses papéis, através da análise de desenhos produzidos pelas crianças, pequenos atores sociais. A referida discussão parte de um estudo mais amplo, cujo foco central foi analisar a construção de gênero no universo infantil, a partir de brincadeiras realizadas por crianças de populares[1]. Buscou-se compreender como o ‘brincar’ socializa as relações entre elas.


É reconhecida a importância da brincadeira no universo infantil, porque brincando as crianças se mantêm num ambiente que, simbolicamente, pertence somente a elas. Da mesma forma têm relevância outros elementos que permeiam a interação infantil: as relações entre esses pequenos atores sociais, que são “crianças atuantes”, como sugere Clarice Cohn (2005), pois possuem função ativa no estabelecimento das relações sociais em que se envolvem, não incorporando passivamente ‘papéis’ e comportamentos sociais.


Reconhecer essa ação na criança, é admitir que ela não é um “adulto em miniatura”, que “ela interage ativamente com adultos e as outras crianças, com o mundo, sendo parte importante na consolidação dos papéis que assume e de suas relações” (COHN, 2005: 28).


De acordo com Gilles Brougère (2001), quando é oportunizado às crianças o contato com objetos, com outras crianças e adultos, seja no âmbito familiar ou em um universo ampliado, seja em atividades infantis em creches e escolas, cria-se condições importantes no processo de socialização. A brincadeira é um processo de relações interindividuais, portanto de cultura.


Acerca disso, cabe resgatar Florestan Fernandes (1979), que tratou de registros inéditos de elementos constitutivos da “cultura infantil”, captados a partir de uma etnografia sobre grupos[2] de crianças que, depois do período da escola, juntavam-se nas ruas para brincar.


Nos desenhos feitos pelas crianças, onde localizavam seus espaços de brincadeira e interações com os seus ‘iguais’, a rua era sempre retratada e referida como um dos principais lugares de e para seus ‘encontros’ e folguedos. Através das brincadeiras nas ruas, os pequenos formam redes de sociabilidade, cujos integrantes podem ser parentes, vizinhos e colegas de escola.


O desenho infantil como uma possibilidade metodológica


O procedimento metodológico, que muito contribuiu à observação direta[3], foi o proposto por Márcia Gobbi (2002), que considera o desenho infantil, conjugado à oralidade, um instrumento a ser utilizado quando se quer conhecer mais e melhor a infância das crianças pequenas.


O desenho e a oralidade, nas palavras da autora, podem ser percebidos como reveladores de olhares e concepções das crianças sobre seu contexto social, histórico e cultural, pensados, vividos e desejados.



[1] O uso desse termo nos auxilia a escapar da rigidez de uma possível categorização dos ‘pobres’. Uma maneira mais flexível de se pensar esses grupos, nos ajuda a não limitar essa categoria apenas à questão do nível de renda, uma vez que existem outros elementos que os classificam.


[2] Esses grupos, as “trocinhas”, eram formados na rua, por crianças que moravam no mesmo bairro, onde as relações de vizinhança davam continuidade aos seus encontros, o que lhes conferia a transformação em “membros regulares de agrupamentos sociais integrados e estáveis” (FERNANDES, 1979: 19). O comportamento dessas crianças manifestava a existência de um “sistema especial de relações sociais”, na medida em que o contato dos pequenos entre si se tornava freqüente.


[3] A investigação se deu a partir de uma perspectiva etnográfica e, através de um “exercício de relativização” (GOUVEIA e LOPES, 2004), a pesquisa recorreu à observação direta tanto dos grupos de crianças que brincavam nas ruas do bairro e em alguns lugares específicos, elegidos por elas. Não se pretendia, no entanto, que a pesquisa se norteasse pela observação como uma ação de ‘testemunhar’ apenas. A escolha por essa técnica se deu pela necessidade de se ter condição de compreender os hábitos, atitudes, interesses, relações pessoais e característica da vida diária dos sujeitos observados.


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